terça-feira, 25 de janeiro de 2011


Em 2009, 11,5% dos 7,9 milhões de estudantes do médio abandonaram os estudos. No ensino fundamental, os índices de abandono foram de 2,3%, dos 17,2 milhões de alunos dos anos iniciais (1º ao 5º ano) e 5,3%, dos 14,4 milhões de estudantes dos finais (6º ao 9º ano).

A proposta do MEC ainda é vaga e não deixa claro se o modelo seria obrigatório para todas as escolas. Isto gerou incerteza entre especialistas do setor, devido à complexidade da aplicação. A ideia de o aluno cursar o médio em um turno e fazer o técnico em outro requer formação de professores, parcerias com governos e prefeituras e altos investimentos em infraestrutura nas escolas.

Presidente Dilma já deu sinal verde

Apesar disso, Haddad já apresentou o projeto à presidente Dilma Rousseff, que deu sinal verde para encaminhar a proposta à equipe econômica. Na avaliação do ministro, mesmo com a ampliação do número de escolas técnicas federais no governo Lula, o avanço é pequeno na integração do ensino médio com o técnico.

— O ensino médio precisa de uma injeção de ânimo muito forte — afirma o ministro da Educação.

Ainda não há estimativa de custo nem forma definida de aplicação da medida. Haddad disse que, além das 354 escolas técnicas federais, poderiam participar do projeto mais 500 escolas do Sistema S (Senac, Senai, Sesc, Sesi, etc) e mais 500 do programa Brasil Profissionalizado (200 a serem criadas). A carga horária complementar seria composta por disciplinas relacionadas ao curso escolhido, mais atividades complementares de esporte e cultura.

O ensino técnico é restrito no país, porque faltam vagas para todos os estudantes interessados. Enquanto 8,3 milhões cursam o ensino médio, 861 mil fazem o profissionalizante, o equivalente a 10,3%. Dos que estão no nível técnico, 60% começaram depois de terminar o médio.

Para alterar o quadro, o governo terá um desafio pela frente. Em média, cada escola federal oferece 1,2 mil vagas, número insuficiente para atender a demanda. Em algumas unidades, a concorrência é tão acirrada para alguns cursos quanto para vestibulares federais. No Estado, são 1,6 mil estudantes matriculados no ensino médio integrado do Instituto Federal de Santa Catarina (IF-SC), que oferece 422 vagas nesse modelo. No último processo seletivo, O curso mais concorrido foi o de Edificações – 15,53 candidatos para cada uma das 32 vagas oferecidas.

Integração em SC não sai tão cedo

O secretário de Estado da Educação, Marco Tebaldi, considera a proposta do ministro da Educação, Fernando Haddad, um avanço.

No entanto, Tebaldi acredita que a integração do ensino médio com o técnico em Santa Catarina não deverá sair nesta gestão.

— Precisamos adequar as condições do Estado. Vamos caminhar para isso, preparando para que, na próxima gestão, isso já aconteça. É algo para os próximos anos — observa.

Em Santa Catarina, um outro modelo está em teste em 18 escolas estaduais. Chamado de Ensino Médio Inovador, ele também foi proposto pelo MEC e implantado em 354 escolas de 18 estados brasileiros.

Nesta proposta, os estudantes têm uma carga horária maior na escola. Ela passa para 3 mil horas — um aumento de 200 horas a cada ano. Também faz parte dela a associação de teoria e prática, com ênfase nas atividades experimentais, como laboratórios e oficinas.

Setor privado ajudou na implantação em Joinville

Tebaldi lembra que, em sua gestão como prefeito de Joinville – entre 2002 e 2008 –, foi implantado um modelo como o proposto pelo MEC, no qual os alunos vão às aulas do ensino médio num período e, no outro, frequentam a escola técnica profissionalizante. No final de três anos, o estudante sai formado como um técnico também.

— A implantação desse modelo contou com o apoio do setor privado de metal-mecânica. A prefeitura ficou responsável por oferecer o terreno e os professores e eles fizeram o complemento — relembra o secretário.

DIÁRIO CATARINENSE

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